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Cidade investigada pela PF no Amazonas é também uma das piores para se viver, apontam dados sobre Jutaí
Enquanto amarga índices sociais entre os piores do país, Jutaí se vê no centro de um escândalo milionário: prefeita é alvo da PF após jatinho fretado pela prefeitura ser flagrado com R$ 800 mil em dinheiro vivo.

Jutaí (AM) – Enquanto enfrenta índices sociais alarmantes, o município de Jutaí, no interior do Amazonas, virou alvo de uma megaoperação da Polícia Federal, que apura um esquema milionário de corrupção eleitoral durante as eleições municipais de 2024. A prefeita Mercedes Vargas, do União Brasil, é um dos alvos da investigação, batizada de Operação Caixa Alta.
Segundo a PF, o caso começou a ser investigado após a apreensão de R$ 800 mil em espécie escondidos dentro de pacotes em um jatinho fretado, interceptado no Aeroclube de Manaus. O avião tinha como destino o município de Fonte Boa, mas teria sido fretado pela Prefeitura de Jutaí, à época ainda comandada pelo então prefeito Pedrinho (PDT), que tinha Mercedes como vice.
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Além do escândalo político, os números sociais de Jutaí são devastadores. O município está entre os dez piores do Brasil no Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), com apenas 0,1802 ponto — índice considerado crítico. O retrato da crise aparece em todas as áreas: Educação (0,2834), Saúde (0,0927) e Emprego & Renda (0,1646).
A situação de vulnerabilidade não é nova. Jutaí tem IDH baixo, de 0,516, população estimada em 15.824 pessoas e uma das menores densidades demográficas do país: apenas 0,23 hab/km². Com mais de 69 mil km² de território, a logística e a oferta de serviços básicos são um desafio. O PIB per capita também é baixíssimo: R$ 8,12 mil anuais.
Recentemente, o Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM) emitiu um alerta fiscal contra a prefeitura, apontando que o município ultrapassou o limite de gastos com pessoal previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal. Jutaí gastou 57% do orçamento com salários, valor acima do teto legal de 54%.
Como se não bastasse, o ex-presidente da Câmara Municipal, Jozinaldo Ferreira Candido, foi multado em R$ 92 mil por irregularidades na prestação de contas de 2018, incluindo falta de transparência e falhas em processos licitatórios.

(Fonte: Firjan)
